quinta-feira, 23 de junho de 2011

O fantástico mundo ferroviário

Ontem acordei cedo, coisa que odeio fazer para pegar o metrô. Moro na zona norte e tinha que ir à Paulista comprar agulha para o meu toca disco, nem eu sei por que me dispus a ir pela manhã, já que tenho tempo ocioso de sobra de tarde, de noite de tudo.
Extremamente sonolenta peguei o metrô no Tucuruvi, linha azul o mais próximo da minha residência, adentrei, me acomodei e comecei a refletir sobre os seres humanos, conforme as estações passavam e o vagão se enchia. Passei a observar os rostos ao meu redor, analisando cada traço, verificando neles alguma leitura, captando a essência de cada ser, para descobrir algo inusitado, alguma história, qualquer informação.

Fui além de apenas observar e passei a imaginar histórias na minha mente, vive-las em meu mundo ilusório ou apenas desenhá-las com o pensamento.
Comecei com o senhor que entrou na Estação Armênia, com uma bengala, sorrindo para o nada. Na minha mente ele era um Senhor Alguém, que estava radiante pela vida passada e por se permitir ter um dia a mais, mas, todo seu alto astral vem da ansiedade de chegar ao seu destino, no centro da cidade. Não! Ele não foi encontrar a Senhora Alguém, que já o deixou a alguns anos o tornando viúvo (conclui, pois ele não possuía aliança, mas havia uma marca de quem a carregou por anos) seu encontro era com uma doce senhorinha que fez parte de seu passado, uma simpática garotinha da época de criança, que ressurgiu em sua vida após anos, o que mostra que nunca se é tarde para reencontrar o amor.
Adiante uma jovem, parecia ter uns vinte anos, adepta do Rock and roll, pelas tatuagens, alargador, mas não são esses os sinais, sim o fato de seu iphone estar tocando um roque pesado em um volume estridente que dava para escutar apenas as batidas ao longe. Com certeza a ressaca estava em sua face, provavelmente acordou atrasada, não houve tempo de tirar a maquiagem de ontem, e sim, conheço muito a maquiagem de ontem já fui trabalhar muitas vezes com ela, a balada deve ter sido boa, mas nem tanto, já que o garoto que ela gosta resolveu aparecer com umazinha, apenas para lhe estragar a noite, mas como vingança ela se dispôs a beber todos os conteúdos etílicos para ter a coragem de fingir que não se importava nenhum pouco com a situação constrangedora, passando a imagem de forte despreocupada de que aquela era a melhor noite de sua vida, algo que ela se impôs, a obrigação de se divertir para mostrar-se indiferente.
Já na linha verde, me deparei com a garota comum, aquela que aos vinte e dois anos já é noiva, com sua aliança praticamente neom no dedo, adepta de uma vida rotineira que vai do trabalho á faculdade, fato verificado pelo caderno e livros que estava carregando, que após o termino da aula fica aguardando na porta de entrada seu noivo ir buscá-la, provavelmente nunca frequentou um bar dos arredores, o que é o melhor da vida universitária, também a probabilidade de ser uma pessoa calma, com fala baixa e tímida esta implícita em suas vestimentas, nas cores, nos engomados e combinados o que a deixa com o ar de certinha, perfeita.
Assim segue minha vigem em ambos os sentidos, vendo e imaginando em cada rosto uma história, isso fez me sentir com poderes especiais de vidência, me fez olhar realmente vendo as pessoas, mesmo não acertando. Ao menos me permiti reparar que cada rosto tem uma história, não tão boa, ou,  tão melhor quanto aquela que criei e  tudo passa a ter um pequeno sentido, tudo se torna mais mágico.
Talvez seja eu uma louca um tanto quanto lunática com falta de que fazer, uma pessoa fanática que se inspira no “Fantástico Mundo de Bob” levando isso a sério demais para o seu cotidiano, ou sou apenas alguém que usa a imaginação para transformar um dia qualquer em algo interessante, isso é o que vos aconselho a fazer, imaginem uma história, inventem personagens, transformem o seu dia!